Os organismos aeróbicos consomem oxigênio para produzirem energia a partir de nutrientes. Em células eucarióticas, a produção de energia, principalmente na forma de ATP, é controlada pela mitocôndria que correlaciona a respiração oxidativa com o metabolismo de nutrientes. As mitocôndrias são compartimentadas por uma membrana externa e por uma membrana interna, onde está presente a cadeia respiratória. A produção de ATP requer dois passos principais, a oxidação de NADH (ou FADH2) e a fosforilação de ADP em ATP (fosforilação oxidativa).
Excessiva ingestão de nutrientes, incluindo alta concentração de ácidos graxos livres e/ou condições de hiperglicemia, aumentam a produção de radicais livres e reduz a mitocondriogênese (síntese de mitocôndrias), levando a uma disfunção mitocondrial. Esta disfunção mitocondrial reduziria a capacidade de degradação lipídica (beta-oxidação) além de reduzir a síntese de ATP e aumentar a produção de radicais livres que, por sua vez, possivelmente proporcionariam quadro de resistência insulínica.
Mas… O que seria esta disfunção mitocondrial? A disfunção mitocondrial é definida como a incapacidade da mitocôndria em gerar e sustentar os níveis de ATP, através da fosforilação oxidativa, em resposta a demandas energéticas. Há evidências de que a disfunção mitocondrial está associada com diversas doenças não transmissíveis como, por exemplo: sarcopenia, Alzheimer, esteatose hepática, inflamação crônica e diabetes tipo 2.
Altas concentrações de ácidos graxos livres e o estado de hiperglicemia proporcionam, como já foi dito anteriormente, um aumento na produção de radicais livres. Esses radicais livres em excesso irão causar mutações nos genes mitocondriais e reduzir a síntese de novas mitocôndrias o que resultará na disfunção mitocondrial. Entretanto, a disfunção mitocondrial irá aumentar a produção de radicais livres, formando assim auto-alimentação para a própria disfunção.
A maioria dos tratamentos mitocondriais visam melhorar a função mitocondrial ou tratar as consequências da disfunção mitocondrial. Terapias selecionadas são destinadas a aumentar os substratos da cadeia respiratória, reforçando a transferência de elétrons ou tentar um bioquímico que passe pelos complexos específicos da cadeia respiratória. Outros tentam reduzir os metabólitos tóxicos, aumentar o armazenamento de ATP ou produzir adaptações na mitocôndria que melhore a sua capacidade oxidativa.
Os suplementos mais utilizados no tratamento da disfunção mitocondrial são: coenzima Q10, Riboflavina (Vit. B2), Vitamina C, Tiamina (Vit. B1), L-Carnitina, Creatina, Cisteína (presente no Whey Protein), arginina e citrulina. O tratamento geralmente associa dois ou mais destes suplementos citados acima devido a sinergia entre eles.
Além da suplementação, outras estratégias são utilizados para o tratamento da disfunção mitocondrial. A restrição calórica e os exercícios de endurance são muito utilizados por diminuir os níveis de ácidos graxos livres, controlar a glicemia e aumentar a síntese de mitocôndrias. O acompanhamento de um profissional da área de nutrição é fundamental para o tratamento da disfunção mitocondrial.
2 pensamentos em “Suplementação para Disfunção Mitocondrial”
Achei o texto muito didático e interessante. Pergunto: A suplementação recomendada para a disfunção mitocondrial seria útil no tratamento de DND – doenças neurodegenerativas como a ELA?;(Esclrerose lat. Amiotrófica)
Olá, José.
Nossa equipe agradece o reconhecimento.
A suplementação para essa finalidade pode prevenir ou atenuar os danos de muitas doenças. No entanto, tratando-se de uma doença neurodegenerativa já instalada, não impedirá a progressão, mas pode reduzir a aceleração do processo degenerativo.
Estamos a disposição!